Considerações inciais
Para garantir que o pavimento de betão desempenhe adequadamente suas funções ao longo de sua vida útil, é essencial considerar diversos aspetos relacionados ao dimensionamento e à construção, tais como a espessura da laje, o solo de suporte e o espaçamento entre juntas. Atenção a esses fatores permite que o pavimento opere de maneira eficiente, minimizando custos de manutenção.
Para o projeto de pavimentos considera-se não só o Estado Limite Último (ELU) mas também o Estado Limite de Serviço (ELS), que influencia a usabilidade da estrutura. O ELS considera o número e a largura das fissuras, bem como a limitação da deflexão o que resulta, intrinsecamente, na usabilidade no ELS. A resistência última teórica é calculada conforme as diretrizes do "TR34 4ª edição", da norma "EN1992 - Projeto de estruturas de betão" e da norma Eurocódigo EN1990 - Bases para o dimensionamento de estruturas.
De acordo com o Eurocódigo EN1990, os coeficientes de segurança a serem utilizados para as cargas são:
- 1,35 (γG) para ações permanentes
- 1,5 (γQ) para ações variáveis.
Recomenda-se a utilização de barras de transmissão de aço com resistência adequada, conforme a norma europeia EN10025. Para ambientes mais agressivos, é possível optar por barras com proteção anticorrosiva, conforme especificado pelo cliente.
Ao definir o layout das juntas, deve-se garantir um espaçamento adequado para que a abertura máxima não exceda 20 mm.

Juntas de Construção/Dilatação
As juntas de dilatação são pré-fabricadas e constituem partes integrantes do pavimento, assegurando um piso contínuo e sem danos. Elas são compostas pelos seguintes componentes:
- Barra Superior: Protege as arestas da laje (por exemplo, barra 40mmx10mm, barra 50mmx5mm ondulada ou chapa de 6 mm com recorte ondulado, dependendo do tipo de junta).
- Chapa de Cofragem: Delimita o betão e serve de suporte para as barras de transmissão de cargas.
- Cartucho/Luva de Plástico: Permite os deslocamentos necessários da laje de forma independente do painel adjacente (exceto movimento vertical).
- Ancoragem: Assegura uma ligação sólida entre os componentes da junta e o betão, quando necessário.
As vantagens do uso juntas de dilatação incluem:
- Proteção das Arestas da Laje: Evita o desagregamento do betão.
- Função de Paragem de Betonagem: Facilita o processo construtivo.
- Transmissão Eficaz de Cargas: A junta ALPHA MGSI®, com seis barras de transmissão por 3 metros, é uma junta que assegura a transferência eficiente de cargas entre pavimentos adjacentes.
- Acomodação de Movimentos da Laje: Compensa efeitos de retração, variações de temperatura, entre outros.
Os diversos componentes das juntas podem ser galvanizados ou fabricados em aço inoxidável, conforme as especificações do projeto. Além disso, é possível incorporar material compressível entre as barras superiores para acomodar eventuais dilatações do material. Considera-se que a junta possui uma eficiência de 100%, o que implica na transferência de 50% da carga aplicada para a laje adjacente. Entretanto, pode-se admitir uma perda entre 5% e 10% devido a folgas que podem surgir entre a barra de transmissão e o betão, resultantes de cargas repetidas. A carga remanescente é transferida diretamente para a sub-base do pavimento. É fundamental conhecer as características da sub-base, especialmente o módulo de reação (k), pois esse valor afeta diretamente o número de barras de transmissão necessárias para a transferência de carga para a laje adjacente. A utilização de fibras metálicas na composição do betão não deve ser considerada no cálculo da resistência dos mecanismos de transferência de carga das juntas. Os coeficientes de segurança aplicáveis aos materiais são:
- 1,5 para o betão
- 1,15 para o aço.
As juntas de construção/dilatação MGSI® possuem Avaliação Técnica Europeia (ETA) e marcação CE, estando em conformidade com o Regulamento dos Produtos de Construção (UE) nº 305/2011.
Juntas entre painéis de laje adjacentes devem ser corretamente executadas de forma a assegurar uma transferência de carga efetiva limitando assim as deformações diferenciais entre painéis. No caso de não se assegurar esta transferência irão existir patologias associadas aos impactos dos veículos rodados sobre as arestas das lajes. No caso de lajes suportadas pelo solo, o número de chapas de transmissão efetivas é calculado como 0.9l para cada lado da carga aplicada, sendo l o raio de rigidez relativa calculado de acordo com o ponto 7.5 da TR34 4ª edição Não é possível uma transmissão de carga superior a 50%. A chapa imediatamente abaixo do carregamento assume o maior valor de carga sendo que este valor diminui linearmente para as restantes chapas. Se existir uma segunda carga que esteja a uma distância inferior a 0.9L deve ser considerada a sobreposição de tensões.

O módulo de rigidez da camada de sub-base tem extrema influência no valor de L, sendo que quanto maior este for menor será L, logo menos chapas de transmissão irão suportar a carga. Esta publicação é o resultado de uma revisão completa de todos os aspetos de projeto e construção de pisos por uma equipa multidisciplinar de engenheiros, empreiteiros, especialistas em materiais e utilizadores